Por: Daniel Braune
O Boca Raton FC teve de esperar um tanto para finalmente poder estrar na APSL. Nas primeiras duas datas marcadas para jogos, duas desistências por parte dos adversários, por desligamento das equipes da liga por falta de investimento profissional, amadorismo a parte. Talvez nessa questão se inicie a essência do profissionalismo nos soccer americano e na importância de um clube formado com seriedade e planejamento.
Mas após estas duas verdadeiras mensagens subliminares, digamos, “provas” de que o Boca é um clube formado para se agigantar ao longo do tempo, chegara o momento de apresentar, na prática, o projeto investido na nova mina de ouro que é o soccer nos Estados Unidos.
No dia primeiro de maio (no Brasil celebrado como o dia do trabalhador), nada melhor que comemorar o suor que derramamos todos os dias em turnos de trabalho. E nada mais nada menos que isso fizeram os prodígios da equipe do Sul da Flórida.
Preparados física e taticamente, os prodígios comandados por CJ Phelos e Nickardo Blake foram à campo no Boca Raton High School stadium, encarar o South Florida Football Club. O prefácio de praticamente todo bom brasileiro acostumado a acompanhar futebol seria aquela velha correria e bico pra frente, como era o futebol estadunidense há seis, sete anos atrás. Mas aqueles que assistiram ao jogo de sexta-feira, puderam ver que as coisas por aqui mudaram.
Vale a pena mencionar que no camarote reservado do dono do time estavam duas celebridades do mundo do futebol : Marcus Coelho, ex-presidente do Atletico Paranaense e Ricardo Geromel e familía, sócio do Fort Laudardale Strikes, time que tem como sócio, Ronaldo Fenomeno e que recentemente contratou Léo Moura. Ambos tem prestigiado o Boca Raton FC nessa caminhada.
Para uma equipe que realizava a primeira partida oficial de sua história, o escrete titular do Boca Raton parecia ter um entrosamento na troca de passes de uma equipe que já trabalha junta há anos. Toques de primeira, viradas de jogo, belas infiltrações, jogadas ensaiadas, enfiadas de bola magistrais, principalmente quando criadas pelo armador CJ. No futebol brasileiro, vemos a maioria de times formados recentemente necessitarem de quatro a seis meses para poderem finalmente ditar um real padrão de jogo. A aplicação tática e técnica dos modestos jogadores da Division 4 vieram a tornar esta barreira mais fácil de ser ultrapassada pelos jogadores do Boca Raton FC.
Com Bruno Militz avançando pelas pontas com velocidade e Nickardo aplicando um belo trabalho de pivô, só faltava cautela na hora de finalizar e concluir as jogadas com precisão. Fora o contraponto, tudo perfeito e esquematizado, inclusive a defesa, segura e fazendo o famoso “arroz com feijão” lá atrás.
Um gol sofrido no início da segunda etapa foi essencial para uma vitória que viria a ser construída no fim. Obrigados a partir para cima, a garotada do Boca Raton usou, além da brilhante troca de passes, aquilo que possui de diferencial mediante todas as outras equipes da liga: O preparo físico.
Com o tempo, foi tornando-se difícil segurar o resultado para o South Florida FC com o cansaço cada vez maior. Era notório que com a organização e o gás juvenil, a equipe da casa viria a abrir os trabalhos logo. Demorou, mas aconteceu.
Faltando dez minutos para o encerramento da partida, dois gols em questão de segundos. Um na bola aérea, o outro na ligação direta. Minutos depois vieram mais dois, em jogadas trabalhadas na troca de passe e contra-ataque explorado, já que o South Florida foi obrigado a abrir o jogo.
Ao final, goleada merecida ao time da casa, que em sua primeira partida oficial na história, já quebrou recordes extracampo, colocando 516 fãs nas arquibancadas. Pode parecer pouco, mas não para uma liga regional da Divisão 4 , no qual a média é em torno de 130 espectadores.
Trabalho realizado pelo Coach Castillo, preparo físico trabalhado por John Garrish, entrosamento rápido e casa cheia para dar o gás ao time. Mal chegou o Boca Raton FC e já mostra a sua facilidade de crescer. Um novo gigante começa a ser formado. Mas sejamos cautelosos, esperemos e deixemos os frutos amadurecerem. O jogo apenas começou.
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